Amor: - Olá! Eu sou o amor. Muito prazer.
Alma: - Fico tão feliz que me concedas esta entrevista... Afinal, és o maior desejo e o maior desafio de todos, o tema mais cantado e tratado na poesia, na música e em todo o reino das artes... Conta-me: quem tu és realmente?
Amor: - Sou a força motriz maior do universo, aquela energia pela qual tudo se cria. Falam tanto de mim porque sou omnipresente; mas, ainda assim, sou um grande mistério, pois vou muito para além do amor romântico, que é uma das minhas facetas, embora tenha muitas mais.
Sou a força que criou tudo o que existe e sou o único laço e o vínculo perfeito de união entre as forças polares. Por meu intermédio, existem amizades e laços de família; mediante mim, existe o laço que une o divino ao humano; e foi por mim que veio ao mundo a luz e a possibilidade de transcendência e cura.
Alma: - Pode-se então dizer que tu és a expressão de Deus?
Amor: - Provavelmente sim, seja qual for a concepção que as pessoas têm de Deus. Dão-me muitos nomes e a ciência tenta explicar-me, pois sou um poder transcendente e não palpável que se manifesta tanto no visível quanto no invisível. Assim, não estás equivocada se me vês como a expressão e a essência do divino.
Alma: - Eu acho que entendo. Há quem argumente que, se tu existisses mesmo, não haveria tanta desgraça na terra, mas acho que isto é parte do teu mistério... Podes explicá-lo um pouquinho?
Amor: - Digamos que nem sei se sou tão misterioso assim... mas pode ser importante compreender as minhas funções.
Alma: - Era aí mesmo que queria chegar, amor... Qual é a tua função? Para que serves? Sabes, eu tento compreender-te desde que nasci; tu fascinas-me desde que comecei a pensar e a criar consciência... Quero viver em ti, por ti e para ti.
Sinto que és o meu único verdadeiro caminho, a única via que me faz verdadeiramente sentido, mas não vou negar que... chego a perguntar-me se teu sou sempre espelho e reflexo, e se construo pontes ou se apenas abalo as estruturas que não têm uma verdadeira base em que se sustentar.
Quero entender isso tudo direitinho; mas, aqui neste texto, explica-me isto do amor romântico: será que alguma vez alguém vai compreender como funcionas no amor romântico?
Amor: - Na verdade, funciono como em todas as minhas outras facetas: crio a ponte.
Alma: - Existe algo como uma receitinha mágica para os romances serem bem-sucedidos?
Amor: - Desde que tentes compreender a minha essência, pode existir uma receita que funcione, sim. Ela passa por três aspetos: o primeiro pilar será constituíres uma relação estável contigo mesma, pois o amor-próprio é a base onde pode assentar um amor romântico feliz.
Alma: - Por que será que o amor-próprio é tão difícil de alcançar por vezes? E por que é tão importante?
Amor: - Por causa da união suprema.
Alma: - O que é a união suprema?
Amor: - A lei da criação diz que a energia feminina e a energia masculina devem-se unir para criar nova vida. 1 + 1 = 3: um feminino mais um masculino gera três - ou seja, masculino saudável, feminino saudável e a nova vida, vida esta que pode ser ou não um novo ser humano, pode ser todo o tipo de nova criação que advenha da união suprema.
E, se a união suprema tiver entre o seu laço a energia divina, torna-se indestrutível.
Alma: - Pois... É, acho que entendi. Feminino mais masculino dá bebé, em toda a natureza, seja entre pessoas, seja entre animais, seja entre plantas. Mas como se aplica isso ao amor-próprio?
Amor: - Em cada ser existem as duas energias, os polos feminino e masculino. Sendo mulher, tens energia feminina e masculina; sendo homem, também tens energia feminina.
Alma: - Faz sentido... E como reconheço o meu masculino e o meu feminino?
Amor: - Explicando de forma resumida, o teu feminino é a alma - os sonhos, a visão, o desejo, a sabedoria... a força que prepara, nutre e cuida. É a voz da tua alma que expressa os teus desejos e as tuas ânsias mais íntimas. É também a força que te liga à terra, às profundezas das águas, ou seja, que te conecta com a materialização dos desejos de alma. É também o teu lado vulnerável, por vezes instável, pois rege-se pelo sentimento, e é a tua capacidade de morrer e renascer.
Alma: - E o meu masculino?
Amor: - O masculino é a capacidade de dar direção, foco, discernimento, estratégia, pragmatismo, decisão e manifestação. É a força que te liga ao céu, de onde vêm orientação e clareza, onde há a objetividade necessária para dar segurança ao feminino em ti e fazer acontecer os desejos expressos pelo feminino.
É a força que vai introduzir no mundo a missão da alma, e que sabe suster o feminino na sua intensidade e dar-lhe segurança nas suas forças e nas vulnerabilidades.
Alma: - Acho que agora entendi... Então, o amor romântico é reflexo...
Amor: - Sim. Os parceiros que vêm à tua vida são espelho do teu masculino e do teu feminino interno.
Alma: - Então estas coisas de chama gémea e alma gémea...
Amor: - Essas coisas também vêm de outra área na qual entramos já em outros diálogos; mas, sim, a alma gémea é a mesma alma que encarna em duas pessoas diferentes e a chama gémea nada mais é do que a chama dos lados feminino e masculino da tua alma partilhada com outra alma.
São reflexos e espelhos de ti, o que não significa que sejam pessoas iguais a ti: são pessoas diferentes e completas, assim como também tu és um ser completo. Quando vem a chama gémea, ela vem para que tu e ela acrescentem algo à vida uma da outra, partilhando uma chama e um amor.
Alma: -E o porquê de tantas confusões? Por que carga de água temos de sofrer tanto por amor, quando tudo poderia ser tão simples, e por que vivemos relações nas quais não estamos com a chama gémea, embora pensemos por vezes que sim?
Amor: - Porque temos de evoluir e nos preparar. Lembra-te da minha função, criar pontes entre ti contigo mesma, entre ti com os outros e entre ti com o divino. O divino ama-te, gerou-te em amor e por amor. Mas as almas vêm com vulnerabilidades, trazem consigo coisas não resolvidas.
Precisam de identificar e curar o que não está bem entre elas com elas mesmas, identificar e curar as suas feridas, os seus medos, ajustar conclusões que por vezes tiraram sobre si mesmas na infância ou até em outras vidas, devido a acontecimentos da vida.
As pessoas com as quais convives são também sempre espelhos que te ajudam a compreender coisas sobre ti e todas elas são, de certa forma, teus mestres, pois são enviadas ao teu caminho para que possam aprender algo contigo e tu, algo com eles, algo sobre a vida, sobre Deus, sobre ti mesma.
No caso específico do amor, achas que seria possível o encontro entre as chamas gémeas sem que antes haja aprendizado já feito?
Alma: - Exatamente. Talvez até fosse possível, mas talvez não fosse reconhecido como tal e...
Amor: - Isso, e o aprendizado evolutivo não seria feito.
Alma: - E, se algo em mim não está bem, acontece tal como na lei hermética da tábua esmeralda: o que está encima, está embaixo, e o que está dentro, também está fora.
Se, por exemplo, não me amo o suficiente ou me recrimino e me culpabilizo por tantas coisas; se, em uma determinada fase da minha vida, fui maltratada ao ponto de acreditar que não mereço ser amada e outras conclusões tais que a minha mente e a minha alma tiraram, então o que eu atraio é...
Amor: - Isso. Atrais situações que espelham essas mesmas conclusões ou parceiros que estão também a vibrar nessa frequência e te fazem sentir isso para que identifiques o padrão dentro de ti.
Alma: - Faz sentido, claro que faz. Muitas coisas na minha história de vida começam a fazer todo o sentido. Mas... a evolução acontece sempre?
Amor: - A vida traz as coisas; mas, enquanto não fazemos uma escolha evolutiva que consiste em identificar, curar e transmutar o padrão, estagnamos na evolução e os antigos padrões repetem-se, ainda que em situações e linhas de tempo diferentes, com pessoas diferentes, até que uma mudança interior evolutiva seja feita.
E essa decisão vem de dentro de ti, da união suprema entre as tuas forças polares e do divino que entra em ação para curar.
Alma: - De quem é a responsabilidade quando estamos num padrão negativo?
Amor: - Cada um é responsável pelas suas ações e escolhas. O parceiro tem a responsabilidade de te amar e de te respeitar, de cuidar de ti como parceira, mas não a de resolver por ti os teus padrões negativos.
Sempre que te encontras numa relação tóxica ou abusiva, é a ti que cabe a responsabilidade de querer identificar e transmutar o que há em ti que precisa ser curado com esta situação. Aí está a diferença entre a vitimização e a soberania da alma, tal como já falamos...
Nas relações românticas entre chamas gémeas ou não, mas que funcionem bem, as almas são completas e responsáveis, elas assumem cada uma a sua responsabilidade por si mesmas e a parte da responsabilidade que lhes cabe pela outra alma.
Alma: - Concluindo e baralhando😊: se eu tiver feridas no meu interno masculino ou feminino, ou outras feridas das emoções ou da alma que preciso de curar, tendo a atrair amigos, parceiros e até familiares que me mostram isso de alguma maneira, por meio do seu próprio comportamento e das suas feridas.
E, se as responsabilizar na totalidade por isso, estou a evitar identificar o meu processo e a "delegar" a minha cura para o outro. Uma vez que as pessoas são meus mestres conscientes ou inconscientes, cabe-me reconhecer, curar e transmutar as minhas feridas para evoluir.
Portanto, tendo a minha alma cada vez mais saudável e tendo cada vez mais saudável a relação interna comigo, do meu masculino com o meu feminino internos, mais resultados manifestos e mais tendo a atrair para o meu caminho relações saudáveis de amor. É isso?
Amor: - É isso.
Alma: - Só mais uma coisa: se estivesse numa relação saudável, mas que não identificasse como sendo com minha chama gémea, não a deveria sustentar?
Amor: - Cada relacionamento é valioso e importante, seja ou não de chama gémea. Cada encontro na vida, seja amoroso, familiar, laboral, de amizade, de que natureza for, tem a função de acrescentar algo e, para que acrescente algo, faz parte do processo evolutivo da vida.
Alma: - Quer isso dizer que não é tão importante, no amor romântico, descobrir a chama gémea?
Amor: - Pode sim ser um processo importante para a tua evolução, pois pode ser uma poderosa potência na tua vida relacionares-te com a manifestação exterior das chamas da tua alma; mas, antes de tudo, esse processo tem de acontecer dentro.
Tens de viver profundo resgate do teu conhecimento, do teu amor-próprio, das tuas forças primordiais e do amor que o divino sente, sentiu e sentirá inabalavelmente por ti desde o momento da tua primeira concepção. O resto virá por acréscimo e os meus misteriosos caminhos, traçados com sabedoria, conduzirão à evolução transpessoal que desejas.
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