sábado, 17 de fevereiro de 2024

Manifesto de gratidão a relações de abuso

Dirijo este texto à vida, aos leitores prezados do Blog Visão da Alma e a todos que desejam escrever algo semelhante. Dirijo este texto à minha própria História de vida, a mim mesma e a todas aquelas pessoas com as quais me relacionei ao longo da minha vida, especialmente às pessoas com as quais atravessei relações de abuso.

Trata-se de uma carta de reconhecimento, gratidão, de um ato de libertação e perdão a eles e a mim mesma.

E trata-se também de um manifesto de empoderamento, pois aprendi a assumir apenas a parte de responsabilidade que eu tenho e a deixar ir as responsabilidades alheias.

Houve três grandes relações de abuso na minha vida, sendo que uma sucedeu na infância, outra se manifestou como a minha primeira relação amorosa e a terceira era uma relação de suposta amizade que se desenrolou entre 2014 e 2015. 

A partir de agora, vou dirigir o texto a estas três pessoas.

Levei algum tempo até descobrir o denominador comum entre vocês três, caríssimas pessoas. Hoje sei que os nossos encontros se deram em momentos em que eu:

  1. me encontrava vulnerável e em estado de carência emocional;
  2. carecia de auxílio material e logístico;
  3. sofria doenças agudas provocadas pelas minhas feridas emocionais e de alma, e buscava desesperadamente soluções eficazes;
  4. estava certa de que só uma circunstância ou pessoa externa a mim mesma me poderia libertar dos problemas referidos acima.

Sei hoje também que havia sinais de alerta que não consegui ver; não porque não queria, mas porque a minha visão interior estava nebulosa e ofuscada pelas carências (vejam publicação anterior sobre missão e visão).

A minha alma buscava vias de cumprir a sua missão e, nos momentos em que nos encontramos, ela achou que tinha as soluções, ou seja, que encontrara pessoas nas quais ela não só podia confiar, mas também ela podia amar, cuidar, curar, nutrir e fazer todo tipo de partilhas.

Hoje sei também que não há culpa nisto: não foi por uma questão de culpas que eu não discerni o que era para ter sido detectado, mas porque, se estas situações não tivessem ocorrido desta forma, haveria aprendizagens sobre mim mesma que eu não teria feito até hoje e, portanto, mais situações semelhantes surgiriam e mais pessoas como vocês seriam atraídas ao meu campo energético.

Sei hoje que não sou responsável pelos abusos que cometeram, mas responsável pelo aprendizado que retirei para que vocês pudessem sair da minha vida e para que a minha correspondência energética fosse de um nível diferente.

Quando nos encontramos, estávamos todos num nível muito inferior da nossa evolução. Vocês traziam a vossa História, os vossos traumas, as vossas perdas e lutos não chorados, as vossas frustrações e as vossas esperanças, as vossas projeções e os vossos medos, as vossas capacidades e carências.

Estávamos todos no triângulo de vítima, agressor e salvador; ou seja, sentíamos que havíamos sido prejudicados por alguém ou algo, que éramos seres incapazes de mudar essa situação e que apenas circunstâncias externas nos poderiam salvar. Eu achava que havia encontrado isso em vós e o mesmo pensastes vós de mim. 

Quando os comportamentos abusivos se desenvolveram, criamos laços de dependência entre nós. Dependência emocional de ambas as partes, pois eu nutria afeto genuíno por vós e vós, ainda que de forma talvez não saudável, também o teríeis por mim. Dependência física da minha parte, dependência energética de ambas as partes.

Como tudo que é abusivo, até que a tomada de consciência disso acontecesse, vivemos num beco sem saída, pois ficamos incapazes de pôr termo à relação e com a convicção de que nada poderia ser diferente.

Quando a tomada de consciência sucedeu, veio a dor, a raiva, o medo, os vínculos de dependência mútua tomaram formas imensas e, depois, havia sempre aquela esperança de que tudo mudasse, de que os comportamentos abusivos sessassem, de que viesse um fator salvador.

A desvinculação e o final das relações entre nós foram inevitáveis e foi preciso atravessar noites escuras e mares de dor muito profundos, que levaram a novas tomadas de consciência e fizeram com que atravessássemos vários estágios até a superação.

Hoje, sei que tudo foi como tinha de ser. Isto não significa que vos retiro a vossa responsabilidade pelos vossos atos e comportamentos abusivos. De modo algum. Essa responsabilidade é vossa, e desconheço como lidaram e lidam com ela até hoje. Mas retiro-vos a minha parte de responsabilidade e essa consiste em deixar de ser vítima.

Não sou vossa vítima nem vossa presa fácil, não sou e nunca fui merecedora do que aconteceu ou culpada por isso e sei hoje que ninguém de vós veio à minha vida para me salvar de coisa nenhuma, não era essa a vossa função no meu caminho.

Vossa função nem tampouco era a de serem receptores dos meus afetos e não poderiam, nem deveriam, ter sido salvos ou curados por mim, pois eu não sou nem era objeto de compensação ou projeção para as vossas dores e necessidades. Reconheço hoje que havia um plano maior que nos fez cruzar caminhos, um acordo de aprendizados.

Com vocês aprendi a reconhecer o que trazia nas minhas sombras e que me levou ao nível energético que me fez atrair seres como vós ao meu caminho.

Portanto, todos os meus padrões de assumir responsabilidades alheias, carência afetiva, bloqueios de rejeição e abandono, culpa, medo, dúvida, apego e baixa autoestima me conduziram até vós.

Com o que nos aconteceu, aprendi que os únicos seres capazes de nos salvar somos nós mesmos e que até a intervenção divina tem de ser permitida por nós para que ela consiga auxiliar-nos com toda a sua amplidão.

Aprendi que não preciso de ser vítima, nem agressora, nem salvadora de ninguém.

Aprendi que a única coisa que serei sempre é uma alma que doa e recebe, serve e é servida, respira, inspira, se contrai e se expande na sua relação consigo mesma, com os outros e com o divino, e cujo objetivo é conviver em laços saudáveis, que não sejam de dependência, mas, sim, de interdependência com outras almas inteiras e responsáveis.

Hoje sei também que todos nós fizemos aprendizado pelo mesmo caminho de sombras, ou seja, todos fomos treinados e influenciados para nos tornar agressores, salvadores e vítimas, e chegamos até a acreditar que só sendo vítimas poderíamos ser escutados e salvos ou que só como agressores poderíamos transmutar a nossa posição de vítima.

Todos sabemos que onde há luz também há escuridão e que a escuridão nos influenciou neste sentido. Sei que sofrestes como eu sofri em outros períodos das vossas vidas, que estais talvez até mesmo a repetir no vosso comportamento padrões que vos aplicaram.

Vós sois responsáveis pela vossa evolução, pois a decisão de permanecer nessa roda, nesse comportamento, nessa crueldade, é vossa.

A minha responsabilidade consiste em deixar-vos ir - distanciar-me de vós não apenas cortando os nossos vínculos, mas também optando por fazer o caminho de cura e de me permitir sair da posição de vítima -, identificar os meus aprendizados e dar-me aquilo de que preciso para não depender de vós.

Assumi a responsabilidade de trabalhar, escavar, curar, desbloquear, sanar, limpar, transmutar o que havia na minha luz e nas minhas sombras, no meu consciente e no meu inconsciente, e com isso resgatar tudo de mim que perdi através dos sofrimentos pelos abusos.

Assumi a responsabilidade de mudar a minha realidade interna para não criar realidades externas que não sejam dignas de mim na minha nova identidade.

Levei tempo, levei anos de investimento em mim, precisei de trilhar vários caminhos, precisei de grandes mergulhos na minha própria alma para que me fosse possível escrever-vos estas palavras.

E, sim, a jornada continua, pois atrás de cada camada de desbloqueio existem outras camadas mais profundas que o pedem, e cada desbloqueio abre também novos portais de sanação e potencial luminoso. é o mergulho nas sombras que nos permite a ascensão maior rumo à luz.

Reconheço a vossa importância para que esses processos se tenham desencadeado. Perdoo-vos e liberto-vos, permito-me empatizar convosco e aceitar o aprendizado que fiz na vossa companhia, cortando assim os nossos laços e despedindo-me de vós em gratidão e com amor pelo processo.

Desejo-vos luz, desejo-vos cura, desejo-vos que possam experienciar evolução. E, sim, há até momentos em que não vos desejo absolutamente nada, mas nunca vos desejo mal algum.

Finalizo este testemunho agradecendo à vida porque me mostrou através de vós como posso ensinar outras pessoas a curar-se de relacionamentos abusivos. Para salvá-las?

Não, pois isso não me compete, mas para mostrar-lhes como podem encontrar potenciais transformadores de cura dentro de si mesmas aplicando os paços que fiz em mim e os paços da cura quântica da sua energia, para que possam resgatar o seu potencial máximo e fazer isso face a cada desafio da sua vida.

Pela nossa evolução em luz,

Cris Carvalho. 

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Diálogo entre a alma e o amor

Amor: - Olá! Eu sou o amor. Muito prazer.

Alma: - Fico tão feliz que me concedas esta entrevista... Afinal, és o maior desejo e o maior desafio de todos, o tema mais cantado e tratado na poesia, na música e em todo o reino das artes... Conta-me: quem tu és realmente?

Amor: - Sou a força motriz maior do universo, aquela energia pela qual tudo se cria. Falam tanto de mim porque sou omnipresente; mas, ainda assim, sou um grande mistério, pois vou muito para além do amor romântico, que é uma das minhas facetas, embora tenha muitas mais.

Sou a força que criou tudo o que existe e sou o único laço e o vínculo perfeito de união entre as forças polares. Por meu intermédio, existem amizades e laços de família; mediante mim, existe o laço que une o divino ao humano; e foi por mim que veio ao mundo a luz e a possibilidade de transcendência e cura.

Alma: - Pode-se então dizer que tu és a expressão de Deus?

Amor: - Provavelmente sim, seja qual for a concepção que as pessoas têm de Deus. Dão-me muitos nomes e a ciência tenta explicar-me, pois sou um poder transcendente e não palpável que se manifesta tanto no visível quanto no invisível. Assim, não estás equivocada se me vês como a expressão e a essência do divino.

Alma: - Eu acho que entendo. Há quem argumente que, se tu existisses mesmo, não haveria tanta desgraça na terra, mas acho que isto é parte do teu mistério... Podes explicá-lo um pouquinho?

Amor: - Digamos que nem sei se sou tão misterioso assim... mas pode ser importante compreender as minhas funções.

Alma: - Era aí mesmo que queria chegar, amor... Qual é a tua função? Para que serves? Sabes, eu tento compreender-te desde que nasci; tu fascinas-me desde que comecei a pensar e a criar consciência... Quero viver em ti, por ti e para ti.

Sinto que és o meu único verdadeiro caminho, a única via que me faz verdadeiramente sentido, mas não vou negar que... chego a perguntar-me se teu sou sempre espelho e reflexo, e se construo pontes ou se apenas abalo as estruturas que não têm uma verdadeira base em que se sustentar.

Quero entender isso tudo direitinho; mas, aqui neste texto, explica-me isto do amor romântico: será que alguma vez alguém vai compreender como funcionas no amor romântico?

Amor: - Na verdade, funciono como em todas as minhas outras facetas: crio a ponte.

Alma: - Existe algo como uma receitinha mágica para os romances serem bem-sucedidos?

Amor: - Desde que tentes compreender a minha essência, pode existir uma receita que funcione, sim. Ela passa por três aspetos: o primeiro pilar será constituíres uma relação estável contigo mesma, pois o amor-próprio é a base onde pode assentar um amor romântico feliz.

Alma: - Por que será que o amor-próprio é tão difícil de alcançar por vezes? E por que é tão importante?

Amor: - Por causa da união suprema. 

Alma: - O que é a união suprema?

Amor: - A lei da criação diz que a energia feminina e a energia masculina devem-se unir para criar nova vida. 1 + 1 = 3: um feminino mais um masculino gera três - ou seja, masculino saudável, feminino saudável e a nova vida, vida esta que pode ser ou não um novo ser humano, pode ser todo o tipo de nova criação que advenha da união suprema.

E, se a união suprema tiver entre o seu laço a energia divina, torna-se indestrutível.

Alma: - Pois... É, acho que entendi. Feminino mais masculino dá bebé, em toda a natureza, seja entre pessoas, seja entre animais, seja entre plantas. Mas como se aplica isso ao amor-próprio?

Amor: - Em cada ser existem as duas energias, os polos feminino e masculino. Sendo mulher, tens energia feminina e masculina; sendo homem, também tens energia feminina. 

Alma: - Faz sentido... E como reconheço o meu masculino e o meu feminino?

Amor: - Explicando de forma resumida, o teu feminino é a alma - os sonhos, a visão, o desejo, a sabedoria... a força que prepara, nutre e cuida. É a voz da tua alma que expressa os teus desejos e as tuas ânsias mais íntimas. É também a força que te liga à terra, às profundezas das águas, ou seja, que te conecta com a materialização dos desejos de alma. É também o teu lado vulnerável, por vezes instável, pois rege-se pelo sentimento, e é a tua capacidade de morrer e renascer.

Alma: - E o meu masculino?

Amor: - O masculino é a capacidade de dar direção, foco, discernimento, estratégia, pragmatismo, decisão e manifestação. É a força que te liga ao céu, de onde vêm orientação e clareza, onde há a objetividade necessária para dar segurança ao feminino em ti e fazer acontecer os desejos expressos pelo feminino.

É a força que vai introduzir no mundo a missão da alma, e que sabe suster o feminino na sua intensidade e dar-lhe segurança nas suas forças e nas vulnerabilidades.

Alma: - Acho que agora entendi... Então, o amor romântico é reflexo...

Amor: - Sim. Os parceiros que vêm à tua vida são espelho do teu masculino e do teu feminino interno. 

Alma: - Então estas coisas de chama gémea e alma gémea...

Amor: - Essas coisas também vêm de outra área na qual entramos já em outros diálogos; mas, sim, a alma gémea é a mesma alma que encarna em duas pessoas diferentes e a chama gémea nada mais é do que a chama dos lados feminino e masculino da tua alma partilhada com outra alma.

São reflexos e espelhos de ti, o que não significa que sejam pessoas iguais a ti: são pessoas diferentes e completas, assim como também tu és um ser completo. Quando vem a chama gémea, ela vem para que tu e ela acrescentem algo à vida uma da outra, partilhando uma chama e um amor.

Alma: -E o porquê de tantas confusões? Por que carga de água temos de sofrer tanto por amor, quando tudo poderia ser tão simples, e por que vivemos relações nas quais não estamos com a chama gémea, embora pensemos por vezes que sim?

Amor: - Porque temos de evoluir e nos preparar. Lembra-te da minha função, criar pontes entre ti contigo mesma, entre ti com os outros e entre ti com o divino. O divino ama-te, gerou-te em amor e por amor. Mas as almas vêm com vulnerabilidades, trazem consigo coisas não resolvidas.

Precisam de identificar e curar o que não está bem entre elas com elas mesmas, identificar e curar as suas feridas, os seus medos, ajustar conclusões que por vezes tiraram sobre si mesmas na infância ou até em outras vidas, devido a acontecimentos da vida.

As pessoas com as quais convives são também sempre espelhos que te ajudam a compreender coisas sobre ti e todas elas são, de certa forma, teus mestres, pois são enviadas ao teu caminho para que possam aprender algo contigo e tu, algo com eles, algo sobre a vida, sobre Deus, sobre ti mesma.

No caso específico do amor, achas que seria possível o encontro entre as chamas gémeas sem que antes haja aprendizado já feito?

Alma: - Exatamente. Talvez até fosse possível, mas talvez não fosse reconhecido como tal e...

Amor: - Isso, e o aprendizado evolutivo não seria feito. 

Alma: - E, se algo em mim não está bem, acontece tal como na lei hermética da tábua esmeralda: o que está encima, está embaixo, e o que está dentro, também está fora.

Se, por exemplo, não me amo o suficiente ou me recrimino e me culpabilizo por tantas coisas; se, em uma determinada fase da minha vida, fui maltratada ao ponto de acreditar que não mereço ser amada e outras conclusões tais que a minha mente e a minha alma tiraram, então o que eu atraio é...

Amor: - Isso. Atrais situações que espelham essas mesmas conclusões ou parceiros que estão também a vibrar nessa frequência e te fazem sentir isso para que identifiques o padrão dentro de ti. 

Alma: - Faz sentido, claro que faz. Muitas coisas na minha história de vida começam a fazer todo o sentido. Mas... a evolução acontece sempre?

Amor: - A vida traz as coisas; mas, enquanto não fazemos uma escolha evolutiva que consiste em identificar, curar e transmutar o padrão, estagnamos na evolução e os antigos padrões repetem-se, ainda que em situações e linhas de tempo diferentes, com pessoas diferentes, até que uma mudança interior evolutiva seja feita.

E essa decisão vem de dentro de ti, da união suprema entre as tuas forças polares e do divino que entra em ação para curar. 

Alma: - De quem é a responsabilidade quando estamos num padrão negativo?

Amor: - Cada um é responsável pelas suas ações e escolhas. O parceiro tem a responsabilidade de te amar e de te respeitar, de cuidar de ti como parceira, mas não a de resolver por ti os teus padrões negativos.

Sempre que te encontras numa relação tóxica ou abusiva, é a ti que cabe a responsabilidade de querer identificar e transmutar o que há em ti que precisa ser curado com esta situação. Aí está a diferença entre a vitimização e a soberania da alma, tal como já falamos...

Nas relações românticas entre chamas gémeas ou não, mas que funcionem bem, as almas são completas e responsáveis, elas assumem cada uma a sua responsabilidade por si mesmas e a parte da responsabilidade que lhes cabe pela outra alma.

Alma: - Concluindo e baralhando😊: se eu tiver feridas no meu interno masculino ou feminino, ou outras feridas das emoções ou da alma que preciso de curar, tendo a atrair amigos, parceiros e até familiares que me mostram isso de alguma maneira, por meio do seu próprio comportamento e das suas feridas.

E, se as responsabilizar na totalidade por isso, estou a evitar identificar o meu processo e a "delegar" a minha cura para o outro. Uma vez que as pessoas são meus mestres conscientes ou inconscientes, cabe-me reconhecer, curar e transmutar as minhas feridas para evoluir.

Portanto, tendo a minha alma cada vez mais saudável e tendo cada vez mais saudável a relação interna comigo, do meu masculino com o meu feminino internos, mais resultados manifestos e mais tendo a atrair para o meu caminho relações saudáveis de amor. É isso?

Amor: - É isso. 

Alma: - Só mais uma coisa: se estivesse numa relação saudável, mas que não identificasse como sendo com minha chama gémea, não a deveria sustentar?

Amor: - Cada relacionamento é valioso e importante, seja ou não de chama gémea. Cada encontro na vida, seja amoroso, familiar, laboral, de amizade, de que natureza for, tem a função de acrescentar algo e, para que acrescente algo, faz parte do processo evolutivo da vida. 

Alma: - Quer isso dizer que não é tão importante, no amor romântico, descobrir a chama gémea?

Amor: - Pode sim ser um processo importante para a tua evolução, pois pode ser uma poderosa potência na tua vida relacionares-te com a manifestação exterior das chamas da tua alma; mas, antes de tudo, esse processo tem de acontecer dentro.

Tens de viver profundo resgate do teu conhecimento, do teu amor-próprio, das tuas forças primordiais e do amor que o divino sente, sentiu e sentirá inabalavelmente por ti desde o momento da tua primeira concepção. O resto virá por acréscimo e os meus misteriosos caminhos, traçados com sabedoria, conduzirão à evolução transpessoal que desejas. 

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Diálogo entre mim e a vida - parte II (missão)

Vida: - Acorda, filha.

Eu: - Queres que acorde ainda mais?

Vida: - Desperta, abre a tua visão.

Eu: - Qual delas?

Vida: - A visão da tua alma. Lembras-te daquela célebre frase de Saint-Exupéry, "O essencial é invisível para os olhos"? Só consegues ver bem com a alma e isso não é uma frase feita. Com os olhos, veem-se reflexos; com a alma, veem-se abismos. Só a alma vê o que vai em outras almas.

Eu: - E aonde me leva essa visão? Por vezes sinto que, quanto mais vejo, mais drenada fico, pois tomo conhecimento de tanta coisa que dói e que não posso mudar porque não tenho qualquer controle sobre ela...

Vida: - A visão leva-te ao cumprimento da tua missão. Sim, a visão e o despertar mostram-te tudo, mas o teu foco deve estar apenas no que podes controlar e a única coisa que podes controlar é o teu próprio campo de ação.

Eu: - Ora, boa... É tão lindo isso, mas fácil de dizer... Como ignorar o que não posso controlar? E explica-me como a minha visão me leva à missão...

Vida: - Com uma visão de alma aprimorada, distingues quem és, do que precisas; aprendes mais sobre os teus dons e limitações, o que provoca em ti emoções de expansão e de contração; e as emoções contrativas, por sua vez, são os mestres que te ensinam onde estão os poderes que tens.

A visão mostra-te também do que o mundo precisa, e ensina-te o caminho para fazeres chegar a ti exatamente aquelas pessoas e criaturas que precisam do que tens para oferecer. Então, como encontrares a tua missão sem visão?

Eu: - Verdade... Deixa-me ver se percebi direito: para conhecer a minha missão, tenho de aprimorar a visão de mim mesma, do meu papel na vida e no mundo, e saber o suficiente sobre os que me rodeiam para descobrir como os dons que tenho se podem alinhar com as necessidades e com o potencial dos que me rodeiam, está certo?

Vida: - Isso mesmo. Três pilares ajudam a identificar a tua missão.

Eu: - E estes são...?

Vida: - Usa a visão para descobrires o que amas fazer, o que desperta paixão na tua alma. Amor e paixão são as forças motrizes do chakra básico, o canal energético responsável pela materialização. Descobre o que faz a tua alma cantar e alinhas-te com o primeiro pilar.

Eu: - Boa. Gostei. Gosto do amor e da paixão, gosto de vibrar pela alma, de pulsar amor. Se sinto amor, estou viva e a minha visão aprimora-se mais.

Vida: - Eu sei. E o segundo pilar está diretamente alinhado com o primeiro: usa a visão da alma para descobrir como te podes tornar boa no que fazes. Certamente há muitas coisas que amas, pelas quais sentes paixão.

De entre elas, podes escolher uma ou várias nas quais te vais especializar, na(s) qual(is) ganharás expertise, seja por via de estudos profissionais ou académicos, seja aprofundando conhecimentos que trazes de outras linhas temporais e aprendendo com outros tipos de ferramentas.

As ferramentas ser-te-ão dadas conforme os paços que fores dando em direção à realização do teu propósito. 

Eu: - Ok, faz sentido... Desvendo em que moram as minhas paixões... e especializo-me em alguma(s), adquiro aprendizado, mestria, expertise. E depois?...

Vida: - Isso mesmo que estás a pensar. Depois entras automáticamente no terceiro pilar: identificar quem precisa do que tens para dar. Toda profissão é serviço e uma das minhas leis antigas, das leis universais, é que quando desejas receber o máximo, precisas servir o máximo.

“É dando que se recebe”, como já dizia Francisco de Assis na sua famosa e bela oração. Vai ao encontro de quem precisa do que amas fazer e sabes fazer, e aprende sobre os processos de tornares-te visível para que quem deseja os teus serviços vá ao teu encontro. 

E aí tens a tua missão, ou o teu propósito, o que, mais do que ser tua profissão, envolve a razão de ser, a razão que fez com que viesses ao mundo para dar e receber sem limites.

Eu: - Parece simples, mas tantas vezes é complexo, por tantos motivos...

Vida: - O ser humano é composto por várias dimensões e algumas delas entram em contradição.

Surgem conflitos de diversas origens... Por exemplo... entram culpas e conceitos morais que travam o fluxo por causa de muita coisa que não foi devidamente compreendida, precisamente porque as pessoas não acessam a visão da sua alma nem buscam o conhecimento mais importante de todos, o de si mesmas.

Eu: - Acho que tens de explicar isso melhor.

Vida: - Explicarei ao longo dos próximos encontros. Saberás o momento certo de trazê-los aos leitores do Blog Visão da Alma.

Eu: - Vamos ver se sei respeitar os teus timings... Da próxima vez, pede-me que lhes conte sobre o diálogo que tivemos sobre relações, certo?

Vida: - Sim. Quarta-Feira é dia de S. Valentin e acho sensato fazer um especial com as nossas conversas sobre amor, almas gémeas, chamas gémeas e sobre a relação de cada um(a) consigo mesmo(a)... E, a seguir, será altura de falar mais sobre a missão.

Eu: - Ok, vida... Tu que mandas. Eu estou ao teu serviço, embora por vezes não faça a mínima ideia de como raio tu queres que eu consiga fazer tanta coisa que me pedes, e coisas tão grandes... E eu sou só uma mulher pequenina.

Vida: - Faz uma coisa de cada vez e confia em mim.

Eu: - Quem manda pode e quem...

Vida: - Não concluas a frase de Salazar que dizia que quem deve obedece... A nossa relação é de confiança mútua e eu devo-te tanto quanto tu deves a mim... E nunca te esqueças de que te dou exatamente na medida em que tu és capaz de receber e dar...

Eu: - Amém. 

Se eu não te amasse

Se não te amasse tanto, tão perdidamente, tão infinitamente, Se não soubesse quanto te amar me expande, Não saberia como amar-me, Não ...