Na publicação de hoje, abordamos uma pergunta que me foi feita algumas vezes e que considero ser de elevadíssima importância para todos nós, pois a maturidade emocional é um dos pilares básicos para que consigamos ter paz interior e, por sua vez, a paz interior é a premissa para que possa existir paz no mundo.
Maturidade emocional é quando temos a postura e as ferramentas necessárias para lidar com as emoções, e muito se fala já em inteligência emocional.
Mais do que trazer-vos as definições propostas por estudiosos, expresso aqui a definição que encaixou comigo e me ajudou a compreender e implementar o conceito nos meus hábitos e na minha vida em todas as suas dimensões.
Maturidade emocional, no meu ver, é quando nós aprendemos a conhecer e aceitar as nossas emoções.
A aceitação gera transformação, enquanto a não aceitação gera conflito. Aceitar as emoções que vivo permite-me uma maior tomada de consciência – que, por sua vez, leva-me a senti-las e processá-las, o que consequentemente me ajuda a transmutá-las e viver em paz interior.
Não aceitação gera mais emoções contrativas - que, por sua vez, não me despertam a consciência de mim mesma e do mundo à minha volta e isso não me faz viver e transmutar os meus processos, coisa que não me permite evoluir e afasta-me da paz interior.
Parece muito teórico e confuso? Talvez. Por isso, o melhor é ilustrar através de exemplos e vou fazê-lo com exemplos da minha própria história.
Devido aos meus acentuados problemas de coluna que constituem quase uma segunda deficiência a par com a cegueira, recebi aos 10 anos a notícia de que não poderia, tal como sonhava, fazer uma carreira como ballerina ou até mesmo dançar balé.
Mais ou menos pela mesma idade, queria matricular-me como aluna de violino na escola de música, mas o meu pai não permitiu, alegando que eu já tinha muitas atividades – pois, para além da escola, estudava piano, canto e tinha aulas extracurriculares de espanhol e italiano.
Escusado será dizer que fiquei muito triste com ambas as situações.
Quais teriam sido as possíveis consequências de não as aceitar?
Ficar com raiva, culpar a professora e os meus pais pela minha decepção, desenvolver sentimentos de inveja e raiva por todos os violinistas e praticantes de balé ou recusar-me a aceitar e forçar ambas as carreiras levar-me-ia, muito provávelmente a um nível de desgaste e difícilmente teria sucesso em alguma das coisas que já havia abraçado.
Consequências de aceitar as emoções foram:
- expressar a minha dor e a raiva, fazer o luto desses sonhos (sentir);
- buscar alternativas saudáveis de movimento que fossem tão delicados como o balé e começar a praticar ioga e danças contemporâneas (pensar);
- dedicar-me ao estudo dos idiomas e tornar-me versátil neles, assim como elevar as minhas notas escolares para conquistar uma futura profissão que me permitisse obter a liberdade financeira para fazer o que bem me apetecesse (transmutar)
Aceitar as nossas emoções permite-nos um bem essencial que consiste em sermos autênticos.
Não seremos autênticos e fiéis à nossa verdade interior se varrermos a nossa emoção para debaixo do tapete ou a anestesiarmos – pois, ao fazer isso, não damos oportunidade a nós próprios de evoluirmos. Para evoluir, eu tenho de sentir e aceitar, abraçar as minhas emoções.
Após isso, tenho dois caminhos: posso focar-me no problema ou nas soluções para o problema, a escolha será minha. E sem dúvida que a minha mente vai querer focar-se em algo, a função dela é pensar, analisar, raciocinar e criar padrões.
Então, se eu decidir focar em soluções, dou à mente um trabalho que a beneficia e beneficia o meu futuro e o meu presente: vai amiga, vamos procurar uma solução.
Ok, não podes dançar balé, mas o que podes fazer que seja bonito, te permita dançar e movimentar-te de forma saudável?
Ok, eu tenho um valente risco no meu carro e isto vai-me custar um dinheirão para que o carro possa ser arranjado, então vamos pedir orçamentos a mecânicos e, depois, buscar uma forma de ganhar dinheiro extra, uma fonte de rendimento residual - para que, no tempo indicado, possa obter o valor que preciso para arranjar o veículo.
Se o trabalho da mente é a pesquisa e a criação de padrões, o trabalho da alma é fazer aprendizado e transformá-lo.
Se eu, e isto é verídico, experienciei na infância maus-tratos, diversas formas de abuso, abandono, negligência e humilhação, vou trabalhar para poder enviar amor a essa situação e transformar-me no ser humano que dá aos outros todo o contrário: amor, cuidados, exaltação das qualidades, entrega e encontros.
Faço isso porque sou um ser iluminado? Não, faço isso porque tenho uma cada vez maior consciência de mim mesma, do mundo e das leis universais, e porque a vida me deu experiências e exemplos que me inspiraram a entender que há verdades que não são apenas frases feitas.
Gandhi dizia: sê a mudança que desejas ver. E como é que eu posso ver um mundo onde as pessoas se amam mais se eu mesma não amar mais?
As experiências que fiz e ainda faço vêm para a minha evolução e, embora cada ser humano tenha o seu próprio plano de alma, nós podemos transmitir às pessoas do nosso entorno (família, amigos, amados, clientes, colegas, ETC.) as ferramentas com que nós mesmos aprendemos e, se elas pegarem na ferramenta e a adaptarem à própria experiência, ela pode resultar.
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