sábado, 16 de março de 2024

Diálogos com a vida - parte III (renascimento)

Vida: - Desperta! Acorda! Está na hora de renascer.

Eu: - O que queres? O que queres dizer com renascer?

Vida: - Sabes aqueles clichês da Páscoa? De vida nova, renovação, renascimento e passagem da morte à vida?

Eu: - Sei sim... Gosto muito deles, embora saiba que, para muitos, não passam mesmo de clichês e frases feitas... Mas faz-me sentido, vida. Portanto, diz-me: o que queres? Sabes que estou aqui para fazer a tua vontade, embora haja momentos que fico sem saber para onde me virar...

Vida: - Está na hora de tu renasceres, de ajudar outras pessoas a renascer.

Eu: - Ui... eu mesma renascer, até concordo, embora possa não saber muito bem como isso se processa... Mas ajudar pessoas a renascer, isso já fica mais difícil.

Vida: - Não é difícil... Pois, embora te pareça impraticável, tu sabes que, no momento em que tu mesma renasças, estarás já a ajudar outros a fazê-lo. As pessoas que partilham contigo o teu espaço físico e energético sentirão a sua própria vontade de renascer e de se conectar com o poder que têm dentro de si mesmas para que isso suceda.

Eu: - Como podemos renascer? Não dá para voltar ao útero novamente e nascer de novo... Certo? O que é preciso para renascer?

Vida: - À medida que evoluis e te conheces, que dia após dia desbloqueias a corrente natural de abundância que tens em ti, identificando e curando as tuas feridas e transmutando-as em abertura de novos potenciais, tu estás a construir uma nova identidade.

Sim, a identidade é flexível e composta por diversas camadas; portanto, ela não é estática. E não depende apenas dos teus genes e do ambiente cultural e social em que nasces e cresces e onde passas diferentes estágios da tua existência. Ela depende também da visão que a tua alma tem e de como constróis rumo aos propósitos da tua alma.

Chegam dados momentos no teu caminho em que precisas de morrer para antigas identidades e nascer para as novas. Falamos diversas vezes do soltar e do morrer e, a seguir, como em todo o ciclo, do vir a nascer. Renascer das cinzas.

Chegam dados momentos em que te sentes grávida da tua nova versão, da tua identidade mais evoluída, mais em conexão com a luz e o conhecimento supremo, mais em alinhamento com a visão e missão da tua alma.

Falo de gravidez porque não se trata apenas de uma nova roupagem, mas sim de uma personalidade que assume tudo o que a faz evoluir e deixa para trás o que não lhe traz crescimento.

A nova identidade vai-se formando e desenvolvendo dentro de ti, é gerada pelo teu divino masculino e feminino, forjada a partir das tuas escolhas e das tuas experiências, dos teus pontos de aprendizado e dos teus dons.

Eu: - Faz-me sentido... Somos portadores de capacidades e de aprendizados, de dons e de feridas, de conjuntos de escolhas que determinam o nosso progresso e o nosso retrocesso.

Portanto, temos meios para decidir a identidade que queremos assumir perante nós mesmos e perante o mundo, e podemos nascer de novo nesse sentido, passar da morte da identidade não evolutiva à vida da nova identidade em harmonia com a luz e com o propósito divino – ou, para quem não lhe chamar assim, o propósito de vida mais elevado...

Vida: - Sim. E, como todas as gestações e partos, não são processos instantâneos, requerem tempo, trabalho interior, paciência, perseverança, desbloqueio e algum trabalho exterior, ação direcionada para que seja colocada no mundo a identidade da melhor versão de ti.

Eu: - Quantas vezes se pode renascer?

Vida: - As vezes que forem necessárias... Eu, a vida, sou cíclica; sou, na essência, amor e compaixão. Estou sempre interessada em permanecer e amo os seres vivos ao ponto de não querer que eles pereçam; por isso, gero oportunidades diversificadas e infinitas para que se possa renascer.

Não sou, ao contrário do que se diz, antagonista da morte: ela é apenas outra faceta minha, a faceta que permite transformação. Por isso, acontecem diversas mortes dentro de uma única vida (neste caso, humana, já para não falar de outras formas de vida, que são tantas e igualmente valiosas).

E, do mesmo modo, pode haver tantos nascimentos quantos sejam necessários para que seja assumida a vida na sua plenitude máxima, desde que os seres humanos se abram a essas possibilidades.

Eu: - Como podemos fazer para nos abrir?

Vida: Abrir-se é o mais natural... abrir-se ao belo e ao bom que a vida tem é como as flores que abrem o seu cálice. Afinal, quem não busca ser verdadeiramente feliz e viver experiências de abundância que, afinal, são o nosso estado natural? Quem não deseja viver experiências de amor profundo e absoluto?

Sabemos, porém, que trazemos aprendizados que precisamos de fazer, e as experiências e as emoções contrativas vêm para nos fazer identificar e realizar os aprendizados.

Por isso, quem se abre aos processos de vida sabe que terá de abrir-se também aos processos de morte e quem se dispõe a viver todas as emoções acabadas de citar tem conhecimento de que os seus antónimos são a parte integrante das mesmas.

Tudo é composto de luz e sombra e, se nas emoções expansivas se revela a luz, nas emoções contrativas revela-se a sombra, o aprendizado e a evolução.

Um coração partido é um coração aberto e uma alma inteira em amor é também uma alma que se fragmenta para que possa expandir o seu abraço a mais e mais seres vivos que serão afetados pelo que emitimos.

Portanto, se desejas abrir-te para uma vida em abundância e plenitude, abres-te à necessidade de morrer e renascer as vezes que forem precisas para seres mais amor e luz e, consequentemente, o teu impacto no mundo, a tua capacidade de servir, ser cada vez mais ampla e plena.

Conteúdos para te ajudar a renascer

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